sexta-feira, abril 22, 2005

Na Roça com os Tachos

Existem livros que nos marcam ao longo da vida, histórias contadas que nos transportam para as suas páginas, fazendo nós prisoneiros até que o fim seja aclamado. O mesmo se passa com os filmes, ora pela simplicidade da mensagem, ora pela força das personagens.
No entanto, hoje nem é uma coisa nem outra. Trago-vos sim uma série de televisão que se arrisca rapidamente a ser um fenómeno da televisão portuguesa e de todos os países lusófonos.
Meus amigos…em primeira-mão, apresento-vos a excelência da televisão de São Tomé e Príncipe: “Na Roça com os Tachos”.
Há muito tempo que não assistia a um programa com uma perfanália de ingredientes que a tornam um belo espectáculo de televisão.
A gastronomia africana apresentada de forma sublimar pelo nosso irmão João Carlos Silva que já é um dos programas mais vistos na RTP África.
Genialmente, o apresentador, filósofo e poeta desvenda os segredos da boa mesa africana, revelando ao mesmo tempo as magníficas paisagens de São Tomé e as suas belas roças.
Acompanhado por Kalu…produtor, cameraman, responsável pela pós-produção e som, indubitavelmente o homem mais poderoso da televisão de São Tomé, solta frases apaixonadas na linha do:
“Kalu, Kalu mete um musiquinha malandra”;
“Vamos agora adicionar o leite de coco, assim, assim devagarinho…que boniiiito, maravilhoooso”. “Adicionamos a fruta, assim devagarinho, a pintar um quadro”;
“Senhores telespectadores, cheire, cheire…que maravilha com este sol fantástico e as palmeiras à nossa volta. Africa mãe.”
Espera-se de tudo, poemas recitados à sombra de uma palmeira amiga, intervalos aproveitados para banhos quentes no Atlântico.
Um show a não perder, e parafraseando o meu amigo: “Até para a semana e façam o favor de serem felizes”.
Lindo!

terça-feira, abril 12, 2005

O meu cabelo!

Caros amigos, amigas, leitores e assinantes do Take a Rabbit Home.
Recentemente, tenho vivido um dilema quase diário no que toca à minha imagem.
Não que ande descontente, mas porque sinto que é uma altura ideal para tais experiências.
Diria mesmo que esta situação tem me atormentado frequentemente, normalmente ao acordar ou em dias de muito vento.
Falo-vos do meu cabelo. Sim essa coisa sem jeito que habita o meu couro cabeludo.
Encontro-me numa fase, onde na ausência de preocupações de maior, procuro desvendar novos Eus, suportados na infinidade de formas de aprumar os milhares de filamentos que compõem o tufo no cima da minha cabeça.
Foi então que decidi, que iria deixar crescer o cabelo. Para mim este conceito, significa o crescimento na ordem dos 10 a 15 cm. Já que durante longos anos, a disciplina era de ferro, e os pequenotes jamais ousariam atingir os 3, 4 cm.

Voltando ao dilema…Ela existe, sobretudo pela intensa manifestação popular verificada nas últimas semanas.
O Referendo espontâneo dividia-se em:
Sim – Gosto dessa trunfa maravilhosa.
Não – Não gosto nada desse embrenhado capilar.
Os activistas, defensores do Sim, defendem a preservação dos caracóis rebeldes, argumentando que a densidade e consistência dos mesmos, confere-me um ar mais maduro.
Para efeitos estatísticos, acrescento que do rol dos que apoiam o Sim, 95% são da minha família. Entre avós, irmã, mãe e tias, todas cobiçam e revêem-se num cabelo lustroso que em tempos (largos) já foi seu. No fundo, todos desejamos aquilo que jamais poderemos ter.
Os reaccionários do Não, adversos à mudança, defendem o corte radical, limitando qualquer criatividade do intenso brilho reflectido de quando em vez pela vizinhança de cima. Sem por em causa, a real preocupação que nutrem por mim, as palavras de ordem são bradadas em alto e bom som:
“Pareces um maluco com esse cabelo!”
“O que se passa com essa merda…”
“Estás com o ar de alucinado!”
Muitas vezes, e utilizando o silencio como arma poderosa que é, o olhar esquiva-se em direcção à minha testa, para depois de alojar no meu ninho. E nesses segundos…Julgam-me. Eu sei que sim. De que estarão a pensar, só Deus Sabe.

A minha opinião, se é que ela conta, atesta que me gosto de ver com o cabelo, curto, rapado.
Quando me vejo ao espelho, imagino-me o Bruce Willis saído directamente do filme Die Hard 2, impelido de um avião em chamas, pondo a salvo centenas de vidas. Partilho aquela imagem de herói austero, coberto de cicatrizes, espelho de uma vida de combate e heroicidades…
Desafio alguém a lembrar-se de algum herói dos filmes de acção, cujo arranjo capilar baseava-se em longos caracóis, tufos desajeitados ou mesmo um cabelo à Rob Lowe dos anos 80 (Sansão e Conan não contam).
Para além deste argumento de peso, relembro que o cabelo rapado é um corte leve, higiénico, fresco e que acompanha suavemente a bonita esfera esboçada pela minha cabeça.
Contudo, isto é meu projecto de vida, e ao voltar ao corte antigo, estaria a pôr fim a meses de sacrifício e projecções artísticas do resultado final.
Seria mais uma Santanice, mais um projecto deixado a meio...sem resultados palpáveis de que me poderia orgulhar.
O dilema é grande e peço a vossa ajuda.

quarta-feira, abril 06, 2005


A fama do Rabbit já atravessa fronteiras Posted by Hello

terça-feira, abril 05, 2005

Ela...

Foi no mesmo local, que ele a viu pela primeira vez.
O tempo marcara passo enquanto que as sensações permaneciam as mesmas…pelo menos para ele.
A face dela, desenhada pelas luzes, teria ficado gravada na sua memória.
O tempo tentara apagar os vestígios do seu sorriso e dos seus gestos, mas o destino não deixara.
A roupa era outra, o branco tinha dado lugar ao preto… mas a pele suave, morena insistia em condizer.
Inquestionavelmente a mulher mais bonita que tinha avistado.
Era a beleza dele, como ele entendia ser, era isso que a tornava especial.
Uma beleza singular, cortante.
Feria-o pelo medo de nunca a ter, de nunca ouvir a sua voz…o seu nome.
Ansiava recordar-se do seu cheiro, do seu sabor…
Consolava-se com uma troca olhares, as palavras reescreviam-se, anunciando um desfecho já conhecido.
Era nestas alturas que se sentia mais frustrado, menos consigo próprio.
Detestava a sua inépcia para arriscar, de ser feliz, de amar.
Apetecia-lhe atravessar a multidão, e tocar-lhe na alma, olhos nos olhos.
De certo que sentiria a sinceridade e a segurança das suas palavras.
A noite prolongou-se, e as palavras não tiveram expressão. Tudo ficou por dizer…
A intenção perdia-se com o avançar da hora.
Não conseguindo tirar os olhos dela, grava-lhe o rosto uma última vez…
Compilava recordações…
…era a única coisa que lhe restava.