Fiel ou Infiel?

Sempre me disseram que o conhecimento não ocupar lugar...Na verdade não ocupa mesmo, o que ocupa é tempo.
Desde que comecei a tirar uma pós-graduação, tenho tido aulas 2 vezes por semana, numa sexta-feira seguido de um Sábado logo pela manhã. Para que o Sábado seja bem-vindo e não chegue ainda mais carregado de asneiras, faço um esforço de me deitar cedo, isto é lá pela 01:00 / 02:00 da manhã. Assim, se por acaso estiverem na vizinhança e quiserem passar por cá, podem me encontrar deitado na cama, sodomizado pela obrigatoriedade de acordar bem cedo.
Posso concluir que desde de Setembro a minha vida social caiu para níveis assustadoramente baixos...Enfim, isso dava outro texto.
Nem tudo é mau, isto porque tenho conseguido aventurar-me, juntamente com a Leopoldina, no mundo onde há reis, princesas, dragões.
Sexta ultimo, sintonizei a televisão portuguesa, passavam 2 horas da meia noite. Estupidamente maravilhado pelas séries de eleição, filmes de qualidade e documentários premiados que a esta hora inundavam os canais portugueses, fiquei deveras apalermado com um programa de TV de um certo mau gosto.
Abençoado com uma mente ágil e aguçada, decidi municiar-me um bloco de notas , e transcrever em tempo real, as melhores frases que eram cuspidas pela minha velhinha companheira Phillips.
Para aqueles com vida social, e com uma sexta-feira bem mais animada que a minha, presenteio-vos com o programa do momento: Fiel ou Infiel?

Legenda:
TN: Texto narrativo que aparecia em rodapé, tendo como objectivo resumir uma cena ou recordar uma frase bombástica.
N: As falas da namorado. Pena não me recordar do nome, um dia hei-de vê-lo no telejornal assaltar um banco com uma pistola de água e máscara do spiderman. Um verdadeiro bronco.
Objectivo é deixar que o sedutor coma a "namorada", terá que demonstrar garra e um certo gosto em rever a traição.
V: As falas da namorada Vanessa de nome, bom corpinho mas estúpida como tudo. Funcão é ser fácilmente comida pelo sedutor.
S: Sedutor, ex stripper de um sitio muito manhoso. Tem como objectivo seduzir a menina indefesa.
P: Público. Igual aos jogos do Benfica em pleno Agosto!

TN – "O sedutor louco de tesão beija e acaricia a Vanessa."
N – “Eu não tenho bigode. Ela devia ter vergonha. Ela enganou-me comigo e com os outros.” Ahhh, então havia um bando deles... Eu não tenho bigode? Juro que não consegui perceber este desabafo...
TN – "A Vanessa cheia de desejo, diz que sabe o que o sedutor quer."
N – “Isto é uma vergonha!”
Vergonha é seres pago miseravelmente para fazeres estas figuras na televisão.
TN – "A Vanessa tira o top e mostra os seios."
Aleleuia, aleleuia!!
N – “Eu não tenho bigode, eu não tenho bigode!”
???????
TN – "É inacreditável, a seduzida transforma-se em sedutora."
Superman!!
N – Aquilo alguma vez é uma mulher? Aquilo não vale nada.”
Andaste equivocado meu jovem...
N – “Fui eu que a ensinei.”
Thank you Daniel-San.

Entretanto, entra a Vanessa em estúdio.
N – “Com que então sou uma aberração...?”
mmmmmm não! Ela estava nervosa, disse aquilo sem querer.
V – “Hás-de dizer o que me ensinaste?
Wax On, Wax Off.
N – “És uma puta!”
Ainda bem que não estou a ver isto com os meus pais. Xiça, é bem pesado.
V – “E tu és um puto, não tens nada dentro das calças.”
Muito bom, a Vanessa a mostrar toda a sua maturidade.
N – “Ai não, então queres que te mostre?”
Resposta machotugismo típica. Atenção o moço vai lançar a fera! Homens agarre-se às suas esposas.
P - “ Mostra! Mostra!”
Desde que vi o público português a bater palmas para que a Linda Reis se despisse, nada me surpreende.
TN – "As opiniões do público dividem-se."
Haja democrácia...

Finalmente, entra o sedutor em estúdio.
V – “Isto é que é um homem.”
Falando para o namorado, enquanto aponta para o sedutor.
S – “Ela estava assanhada.”
Riauuuuuuu!
N – “Ela estava era com o cio.”
Hás-de ganhá-la de volta assim.
N – “Ela é que não me dava o que queria. Estava sempre a estudar.”
Casting muito bem feito.. Vi logo que esta Vanessa era bem esperta! Uma estudiosa!
V – “ Ele não sabe para ele, muito menos para mim.”
O que tu queres sei eu...
N – “Eu quero que ela vá comer no pacote.”
Isso é o que todos queremos...

E no final, o cúmulo, o apresentador pede à Vanessa para comparar as pilas dos dois, utilizando para o efeito um vibrador. Claro que o pobre coitado do namorado, deve ter ficado com um registo de 3cm de pila, enquanto que o sedutor era equiparado a uma bilha de gás.

Oh meu amiguinho!A falar é que a gente se entende.

“Olá bom dia”
Esforçadamente a minha lingua ensonada, articula-se para formar umas sílabas compreensíveis ao ouvido humano.
“Bom dia! O que vai ser ?”
Mmmmmmm, tento me lembrar-me do objectivo da visita.
“Queria um café, e um garrafa de água se faz favor.”
“Sim senhor, é para já”
Algo aliviado pela avidez com que toma o meu pedido, o sujeito desaparece atrás do balcão, fundindo-se no cheiro a café que a esta hora já inundava o bar. Veste uma camisa branca de origem, mas amarelada com o tempo. O tecido já gasto, denota a unicidade da peça, que diariamente lhe cobre a pele branquiçada cultivada pela falta de sol.
Ajeita a máquina do café, manipulando-a como se um velho amor se tratasse. Mecanicamente percorre o processo, absorto na sequencialidade hipnotizante que se manifesta no frenezim do dia a dia. Contudo, mantém a boa disposição, como se ela fosse representativa do seu brio profissional.
“Ora aqui está, o seu cafézinho e garrafinha de água!”
“Obrigado”,
respondo eu, sacudido pela prontidão com que despacha a fila inexistente que tarda em acumular-se atrás de mim. Embrulhado na complexidade do desafio, coloco com uma mão, de forma aconchegante o pacote de acúcar e colher ao rebordo da chávena. Na outra a garrafa de água., bem essencial para aquelas noites mais carregadas. Antes de me acomodar numa cadeira convidativa banhada pelo sol, o meu amigo pergunta:
“Quer um copinho para a água?”
E de repente aprecebi que o meu amigo, falava uma língua estranha.... A língua dos inhos e das inhas.
Este queriduchar ou afofurar da língua portuguesa, encontra-se presente em pelo menos uma pessoa por nós conhecida.
A grande descoberta, reside na fantástica particularização que efectuei ou verificar que esta estranha forma de fala é uma característica universal entre todos os empregados de mesa/café.
Este cunho peculiar e deveras irritante, deve constar de algum código deontológico ou curso de formação para todos os futuros aspirantes ao cargo de empregados de café.
Durante este curso, estes jovens mancebos devem ser testados sob condições duras e bastante adversas. São expostos a condições climatéricas extremas, sendo obrigados a desenvolver rápidos raciocínios léxicos, tipo palavra puxa palavra.

Empregado de Carreira - Muito Sr. Aspirante! Vamos lá fazer se você é mesmo burro ou se apenas faz de conta. Diga-me 7 utensílios de cozinha.”
Aspirante - “ uh, uhm...Uma colher, uma chávena....”
Empregado de Carreira - “Sr. Aspirante, você é um atrasado mental. Encher 20 vezes.... Já! Quantas vezes não lhe disse que o diminutivo do substantivo é mandatório se quiser triunfar nesta profissão.”

Outro exercício utilizado é rápida troca de substantivos pelo seu diminuitivo, sendo que os jovens aspirantes são privados de sono durante 48hrs.
Empregado de Carreira – Devolva rapidamente o diminutivo da seguinte palavra: “Copo!”
Aspirante – “Copinho”
Empregado de Carreira – Pano
Aspirante – “Paninho”
Empregado de Carreira – “Galão”
Aspirante – “Galãozinho”

Tá mal! Tá Errado!

Como podem verificar do acima exposto, consta que existem certas palavras cuja construção não permite a referida diminuição. O dito empregado quando as profere, sabe bem nas suas profundezas, que está ir contra os ensinamentos na União Universal dos Empregados. Fala-se nos bastidores, que estas palavras mais ásperas estão suspensos a aguardar inquérito.
Um bom exemplo disto é a palavra Galão, afamada bebida quente que junta o café com o leite, e servido num copinho de vidro. . .
É claramente um aumentativo em terra de pequeno, um largar do sabonete em balneário alheio.
Por exemplo Prego no Pão, sem ser muito agressivo já faz tremer o empregado menos experiente. Podia ser um prego no pãozinho, como o já famoso pãozinho de leite.Portanto, da próxima vez que frequentarem um estabelecimento do género, vulgo pastelaria ou café, estejam atentos aos sinais. A pulseirinha de oiro, a unhaca do dedo mindinho comprida e afiada. A grande cultura futebolística e o saudoso cheirinho nauseabundo a suor.