quinta-feira, junho 23, 2005

Faz Me

Se existem coisas de uma importância primordial, a correcta tradução linguística é certamente uma delas.
Recentemente, tomei conhecimento de um atentado vocabular de bradar aos céus. Na verdade esta chamada de atenção, serve essencialmente de protecção a quem desafia desavergonhadamente a língua portuguesa.
A utilização da expressão em questão, é normalmente empregue, por razões sociais e históricas, pelo sexo feminino. E ainda bem que assim é, já basta o homem dedicar metade do seu cérebro, exclusivamente para o acto de buzinar à passagem dos aviões que teimam em decorar as ruas primaveris.

Contexto:
Ele: Numa de garanhão, a querer aquecer o que exponencialmente tendia a ficar morno:
Ela: Em brasa, sem jeitinho e sem o talento.

Guião:
Ele: Mas o que é que tu queres? (provocante)
Ela: O que é que eu quero? (a fazer-se de desentendida)
Ele: Sim, o que é que tu queres? (…vamos reforçar a ideia)
Ela: mmmmmm, como assim? (sem jeito e meio corada)
Ele: O QUE É QUE TU QUERES??? (provocante mas a perder a paciência.)
Ela: Ffffffffaz Me!!!!!
Ele:???????

Ó minha amiga, FAZ ME?
Deixa me que te diga que andas a ver muitos filmes americanos para teenagers, ou então a tecla 1 e 8 do teu comando devem estar a precisar de borracha nova.


Primeiro, terás que ser bem mais elucidativa e clara em situações como esta. O homem não é reconhecido pela sua elevada actividade cerebral em momentos como este. Como desapertar o teu soutien, estará neste momento no topo das suas prioridades.
Não se pode pedir a um homem que decifre frases subliminares, quando o acto ouvir o rádio no carro ao mesmo tempo que fala ao telemóvel, é missão impossível.
PS – Em estudos científicos recentes, ficou provado que uma ordem directa é bem mais eficaz e de longe mais excitante.
Segundo, a semântica da própria expressão é confusa e claramente mal traduzida. Eu sei que nos filmes a expressão “Do Me” soa bem, mas Português não é Inglês minha querida. Mais vale um bom estrangeirismo, do que estares a cuspir no caixão do Camões e seus pares.
Se ainda não for claro, irei elucidá-la:
Por exemplo, na língua dos americanos e dos filmes que tanto aprecias, utilizam uma expressão que te é familiar:
- "Ride me big boy…"
Ora bem, a tradução directa do seu agrado diria algo do género:
- "Conduz-me seu matulão."
Ou mesmo:
- "I´m so horny."
Ficaria….
- “Estou tão cornuda.” – Não me parece que seja o pretendido.
E ainda:
- "Lick my pussy."
Teremos…
- "Lambe-me a gatinha." Sendo que o inverso também se aplica:
- "Lambe-me a ratinha…"
Dava…
- "Lick my mousy…"

Portanto posto isto, com esta pequena demonstração penso que é evidente a importância do correcto domínio das técnicas de tradução.
Existem para serem utilizadas adequadamente, para que da próxima vez não sejas conversa de café.