quarta-feira, fevereiro 09, 2005

U say what??

Consultor sofre, isso é ponto assente. Contudo, também assistimos à faceta mais caricata do país. Num dos meus muitos clientes, deparei me com a seguinte mensagem por cima do confessionário, lia-se:
"Por favor não deite os papéis para a sanita, ela não está preparada para isso. Obrigado"
mmmm…pus-me a pensar.
Então a coitada da sanita não está preparada para tal atrevimento.
Será uma sanita imatura? Sem experiência? Estarei na presença de uma sanita bebe?
Como se medirá a experiência? Será pelo número de cus que nela hão-de pousar. Será a quantidade de dejectos, a sua forma ou peso?
Haverá cerimónias de passagem de nível? Condecorações?
- Muito bem Sr. Sanita, você chegou ao cú nº 500. Já poderá receber qualquer tipo de dejecto, incluindo papel higiénico. Tenho o prazer e a honra de a presentear com o cagalhão de ouro.
Num acto simbólico retirava-se o papel protector, e daí adiante teria que ser uma sanita adulta, com a capacidade de conseguir sobreviver num mundo de merda, apenas podendo confiar em sim mesmo e na sua capacidade de encaixe.
Claro que a função de colocar papel dentro da sanita, não sendo primordial, advém e está no seguimento de uma outra, onde tudo se inicia.
Diria mesmo que uma não existe sem a outra. Pelo menos neste caso concreto.
É evidente que poderíamos mandar o papel higiénico para o chão, colá-lo no tecto, ou mesmo metê-lo no bolso depois de usado, cumprindo deste modo o pedido expresso pelo letreiro. Mas será que fará muito sentido?
Não teria sido mais fácil, mais simples para a mente humana uma mensagem do tipo:
Sanita Avariada. Não utilizar MESMO!
Proibido Utilizar!
Perigo. Esta merda vai transbordar!
Para a minha cabeça tudo faria muito mais sentido. Um expressivo Proibido faz milagres.
Faria me pensar duas vezes em utilizá-la, perdendo de seguida alguns segundos a imaginar o que aconteceria caso a sanita entupisse após uma bela ida ao confessionário. Digo vos que é algo extremamente aterrorizante. Acreditem!
Deixaria de estar naquela indecisão agonizante do cagar ou não cagar.
- Arrisco ou corro os corredores do hospital à procura de uma outra com estas condições sanitárias? E se não existir? Conseguirei voltar a tempo?
Isto tudo faz parte do processo de decisão.
O meu cérebro, acumulado à necessidade de confessar, interpreta o aviso do seguinte modo.
-Cague, mas oculte as provas.
-Cague, mas com jeitinho
- Aqui Recicla-se. Orgânico para um lado, papel para o outro.
Portanto, em jeito de conclusão e sentindo em vocês meus queridos leitores uma necessidade aflitiva em saber como terminou a história.
Digo-vos apenas isto:
Cão que ladra, não morde!

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Coelho que ruge, barba tem!

A viver a folia do Carnaval, optei por não fazer a barba. Esta decisão deveras importante na vida de todos homens, insurgiu me enquanto desafiava a minha imagem através do espelho da casa de banho.
Ouvia os gritos do pêlos rebeldes, a incitarem a uma greve da lâmina e como não estava para filmes. Fiz lhes a vontade.
Um acto de libertação e loucura…no mínimo.
Sabia os riscos que corria, mas estava consciente e com vontade de ceder às vontades.
A noite de Carnaval exigia um Eu diferente.
Fi-lo consciente, sustentado numa clara convicção que assim dá me mais estilo.
Dá me um ar austero, mais personalizado… Um ar de menino maduro que muito sabe.
Uma simbiose entre um coelhinho e um Leão. Uma conjugação perfeita que inquieta as mulheres, que não sabem se hão de se aconchegar ou afiar as garras na perspectiva de uma luta assanhada.

…uma lady na rua e uma louca na cama…la la la la. Relembro um grande hit da música popular portuguesa.

Encontrava-me no elevador do edifício quando num ímpeto entra o nº1 da firma, simpático como sempre, cordial como se exige.
A barba por fazer obrigou-me a ser menos simpático que o costume. Inclinando a cabeça, passei a mão pelo lado direito da cara, num coça coça teatral, na tentativa de encobrir os meus recém nascidos. Contudo, nesta altura mais pareciam longos pelões, a lutarem taco a taco com a barba do Pai Natal, pela supremacia do título Barbudo do Ano.
N.E - O Barbas do Benfica quedou-se pelo terceiro lugar.
Enquanto murmurava umas palavras de concordância, o seu olhar encravava-me a pele.
Senti que os contava com a mesma preciosidade que o Tio Patinhas conta a sua fortuna.
“Continua frio este tempo” – disse me ele. N.E (Conversa de circunstância anteriormente dissecada neste espaço).
Senti que era simpatia a mais, estava-me a fazer a cama. A brincar com a presa, num jogo do gato e do rato. Ele o Tom, eu o Jerry.
“Sim, sim. Mas sabe que prefiro assim. Dias de Inverno com sol. Faz-me lembrar os meus tempos de África” – respondi-lhe.
Meus tempos de África??? Mas que merda de resposta foi esta. Um sim não chegava? Só faltava rugir no final da frase.
Se tivesse numa série da Alley McBeal, naquele momento teria me olhado ao espelho e teria me visto a transformar num leão, enquanto corria as planícies, mergulhado na faina da PwC.
Ele riu-se…Na incapacidade de descrever o seu riso, limito me a dizer que antes que a porta do elevador abrisse, já eu tinha uma pata de fora, enquanto penteava a juba com a outra.
Moral da história:
Solta a barba que há em ti.
Para as mulheres, a moral não se aplica.

N.E - Nota de Editor

domingo, fevereiro 06, 2005

Sensações

Desde do meu entrée no mundo da Blogosfera, tenho me deparado que, na grande maioria dos blogs, existem sempre um post com uma temática relacionada com as sensações únicas da vida. Impreterivelmente, assumem títulos na linha do:
- Coisas de que gosto.
- Coisas boas da vida.
- Eu gosto de...

Originais sem dúvida.

Para ser aceite e segundo os regulamentos da IBA (International Blog Association), um bloguiano, ou será blogista ?, ou blogger ?, ou mesmo bloggador ?, terá que a dado momento preencher o seu portfólio com um post que aborde este assunto. Isto é, se algum dia pretender ser alguém respeitado e admirado neste meio.
As minhas pretensões vão nesse sentido ,e assim sendo, optei por entitulá-lo de Sensações.

Sensações.

Gosto

... da luzinha do frigorifico que me recebe pela madrugada fora.
... do sol que me bate na cara, num dia frio de inverno.
... dos dedos dos pés que descongelam nos primeiros instantes de um duche bem quente.
... de olhar para o despertador e verificar que ainda me restam algumas horas até o acordar.
... de ouvir uma letra de uma música e me rever no seu conteúdo.
... do alívio após uma mijadela mais que merecida.
... do alívio após uma cagadela mais que merecida.
... de acordar cedo no fim de semana e aproveitar para fazer coisas que a semana de trabalho não permite.
... do cheiro que acompanha a passagem de uma mulher bonita.
... da sedução por olhares.
... do riso do meu sobrinho.
... de camarão frito com molho de cerveja e batata frita num almoço de família.
... de Haggen- Daaz, Cookies and Cream.
... de uma mulher e uma lareira.
... do cheiro a relva cortada.
... de viajar com os amigos.
... de dormir no lugar do passageiro a caminho do trabalho.
... de rir quando não é permitido.
... de ficar na praia no verão até ao pôr de sol.
... de ficar na praia no verão até ao pôr de sol, numa esplanada acompanhado de amigos
imperiais e caracóis.
... da sensação depois de um exame.
... dos ventos quentes nas noites de verão.
... do sol de África.
... dela

Rabbit

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

O Vazio

O vazio agarra-nos.
Torna-se vício, um apego da alma.
Prega-nos ao tapete e conta até três.
A contagem vai a meio...
Longe de ser amigo, torna-se companheiro, silencioso e cúmplice.
Abafa o bater do coração, e brinca com a mente.
A percepção de tudo muda perigosamente.
É uma morte lenta que paralisa.
Aceitamos que assim é que tem de ser.
O Destino como salvador,
angustiados aguardamos
Foda-se estou farto.
...resignado e cansado.
Nada corre mal, mas ao invés nada corre maravilhosamente bem.
É um meio termo que incomoda e hipnotiza ao mesmo tempo.
Não tem que ser assim. Eu sei.
Convenço-me disso.
Não sei para onde me virar, nem tão pouco o que fazer.
Desaprendi a amar, já não sei sofrer.
É o vazio a ganhar.
1,2,3

Rabbit