quarta-feira, janeiro 19, 2005

Charlie Chaplin

"A VIDA É UMA PEÇA DE TEATRO QUE NÃO PERMITE ENSAIOS. POR ISSO, CANTE,
CHORE, DANCE, RIA E VIVA INTENSAMENTE ANTES QUE A CORTINA SE FECHE E A
PEÇA TERMINE SEM APLAUSOS."

terça-feira, janeiro 18, 2005

A minha amiga e o Alfie

Ontem, foi dia de cinema. Após uma desenfreada insistência por parte de duas amigas minhas, lá fui ver o Alfie com o apetecível Jude Law (opinião feminina, pois claro.)
Não mais do que 20 pessoas ocupavam o vazio da sala. Dessas, apenas 5 viam o Alfie como concorrente, homens por certo. As restantes enchiam o espaço despojado com estrogéneos e progesterona. Uma luta desigual, a minha fragrância abafada.

Enquanto assistia confortavelmente às peripécias do Alfie, um risinho descontrolado mas tímido desviava a minha atenção do ecrã.
ih ih ih ihi ouvia-se.
Tal como os animais e plantas e todos os organismos vivos, também os risos podem ser classificados por divisões taxionómicas, espécies e sub-espécies.
Existem os genuinamente divertidos, fundados num alicerce humorístico. O riso cínico, uma espécie de ovelha negra da família, odiado por muitos, mas utilizado por todos. Existe ainda o riso macaca empregue frequentemente para que todos vejam o quão divertidos nós sois. O riso cordial, riso este controlado e simpático, um cartão de visita nos contactos diários com estranhos. Por fim, temos o riso do "flirt", sem tradução precisa para Português.
Um riso doce, descontrolado e tímido acompanhado por um aumento dos batimentos cardíacos. E suores frios?, inquirem vocês. Não…esse sintoma só se instala aquando da segunda fase. Uma fase mais apaixonada, menos “flirtatious”.
Era assim o riso dela…
Os olhinhos da Patrícia, escondiam desejos. A curva dos lábios insinuava luxúria. Os músculos da face ganhavam vida própria, descontroladamente uniam-se para formar um sorriso, espelho da sua alma.
O seu olhar inundado de azul reflectido através do ecrã.
Ai, se o Jude pudesse ver…
Está certo que o gajo tem pinta e usa o cachecol como eu. Mas minhas meninas...Não era preciso tanto.
Olhava para ela, e relembrava-me os meus tempos de liceu. As miudinhas do 7º, repletas de paixão pelo rapaz mais velho do 10º ano. A cada passagem, um mar de risos descontrolados e olhares penetrantes lançados em sua direcção.
Poucas vezes vi a Patrícia tão feliz e durante tantos minutos seguidos. Foram quase duras horas de puro êxtase.
Da próxima vez, quero ir ver um filme com a Charlize Theron, ver se isto se pega.

Patricia and Jude siting in a tree.
K.I.S.S.I.N.G
First comes love then comes marriage
Then comes Patricia with a baby carriage.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Hairstylist por SMS


Antes
"Nuno, ouvi dizer que hoje vais andar no corte. Preciso urgentemente das tuas mãos na minha cabeça, no meu cabelo. Estou disponível a qualquer hora e momento."

Depois
"hairstylist do meu coração, estás farto de receber elogios pela grande obra de arte. Estou mesmo contente, ganhei uma nova luz. Obrigada. Beijo grande"


quinta-feira, janeiro 13, 2005

Pablo Neruda

Muere lentamente
quien no viaja,
quien no lee,
Muere lentamente
quien destruye su amor propio,
quien no se deja ayudar.
Muere lentamente
quien se transforma en esclavo del hábito
repitiendo todos los días los mismos trayectos,
quien no cambia de marca,
no se atreve a cambiar el color de su vestimenta
o bien no conversa con quien no conoce.
Muere lentamente quien evita una pasión y su remolino de emociones,
justamente éstas que regresan el brillo a los ojos y restauran los
corazones destrozados.
Muere lentamente
quien no gira el volante cuando está
infeliz con su trabajo, o su amor,
quien no arriesga lo cierto ni lo incierto
para ir atrás de un sueño
quien no se permite, ni siquiera
una vez en su vida,
huir de los consejos sensatos...
Vive hoy
Arriesga hoy
Hazlo hoy
No te dejes morir lentamente
NO TE IMPIDAS SER FELIZ
Pablo Neruda

quarta-feira, janeiro 12, 2005

A melhor parte

O pretexto era a festa de aniversário do Passarinho, a sua casa o local escolhido...Uma pequena terra na margem sul, lá para bem longe onde o sol chega mais cedo, e onde nenhum habitante da linha de Cascais ousa ir. Vale de Milhaços de seu nome.
O cenário estava montado…
À mesa com alguns dos meus amigos mais chegados, conferenciávamos sobre o destino de férias deste ano. Um camarão entre Amesterdão, outro entre Copenhaga… Era o petisco, o ambiente estava bom. Os seis magníficos todos juntos, os laços sentiam-se. As férias fazem disto. Uma espécie de remake das aventuras do Clube dos Sete em versão moderna.
Os camarões iam desaparecendo a bom ritmo, até que alguém se lembra de proferir a seguinte frase: “Então não comem as cabeças do camarão? É a melhor parte….”.
O Pintainho (Passarinho de dia, Pintainho de noite) levanta e bem a seguinte questão. Porque é que as melhores partes do alimento são sempre aquelas que ninguém come?
Analisamos levemente o fenómeno, e passo aqui a dissecar com mais detalhe.
De quando em vez, o meu pai, na presença de um frango no churrasco e já no final da refeição, decide aconchegar o estômago vasculhando os últimos pedaços na caixa de plástico. As assas, pernas, coxas e peitos são nada mais que um amontoado de ossos distribuídos pelos vários pratos. Até que descobre o pescoço do pobre bicho, e pergunta com um ar deveras surpreendido: “Então ninguém come o pescoço? É a melhor parte”.
Para ele, o Pescoço está para o Ouro, como o resto do frango está para o Pirite (Ouros dos tolos)…um verdadeiro garimpeiro.
Já não vou na cantiga. Desde que descobri que a cenoura não fazia os olhos mais bonitos e o espinafre não fazia a pila crescer…Aliás, agora que me lembro bem, quase todos os alimentos que não gostava em miúdo faziam a pila crescer…segundo a vasta sabedoria do meu progenitor.
Ouvia atentamente e mesmo não gostando, comia de tudo. Penso que os 21cm não se devem a isso.
Por isso, Pai, é natural que ponha em causa algumas coisas que dizes, não leves a mal. Deixou marcas...
A minha Avó no outro dia foi lá jantar a casa. A ementa consistia num belo peixe assado no forno. O final do repasto aproximava-se... Na travessa restava, uma posta e uma cabeça que namorava a minha avó, ou ela namorava a cabeça…Mas à distância, um namoro secreto, que parecia impossível aos olhos dela. Até que a minha mãe, apercebendo-se do romance diz: “Ó mãe, não quer mais?”. No seu jeito peculiar de quem não quer abusar, e achando que todos cortejavam o seu amor, responde timidamente que sim. E diz mais… “Aceito sim, a cabeça é a melhor parte do peixe”.
A melhor parte Avó?? Gosto muito de ti…mas tens que diminuir as doses….Só faltava dizeres que o cu do frango é a sua predilecção favorita.
Enfim…Existem inúmeros exemplos de certos alimentos, que contêm, escondido nos seus recantos, sabores mágicos do além.
Será que os melhores chefes do mundo andam a dormir… Iguarias deste calibre desprezados…
As ovas de esturjão, o vulgo caviar, já ganhou o seu espaço…Bem como os tomates do boi, os ovos da Codornizes, a língua da vaca ou mesmo os intestinos do porco.
A melhor parte anda por aí, cabe a vocês descobrirem.
Da próxima vez, quando tiverem um caracol pela frente, olhem para ele como se fosse um escargot e experimentem a sua casca, façam o mesmo com o Ananás, com as patas do frango…Sejam criativos e exclamam bem alto, “Esta sim, é a melhor parte!”
Abraços e Beijos
Rabbit

domingo, janeiro 02, 2005

Conversas de Circunstância

Circunstância, s.f, particularidade que acompanha um facto; acidente; caso; condição; requisito; motivo, advém da palavra em Latim Circumstantia.
Assim sendo, e tendo em consideração o seu significado, debruçamo-nos sobre a seguinte frase: Conversa de elevador é uma conversa de circunstância. Ou então: Que merda de conversa de circunstância.
Pelo processo de agregação, e analisando a fonética da mesma, repartimos a sua sintaxe pelo significado anteriormente compreendida pela congénere em Latim. Ou seja, a proposição: Conversa de elevador é uma conversa de circunstância, ficava decomposta do seguinte modo: Conversa de elevador é uma conversa, cuja particularidade, intrínseca à mesma, acompanha um facto ou acção. Facto ou acção, que brota, aquando do início da correspondente conversa.
Portanto, posto isto, passo a relatar a conversa de circunstância que assisti acompanhado pelos primeiros raios solares.

Passageiro (para o Revisor): Olá como está?
Revisor da Carris: Bem Obrigado…O tempo vai passando, vai passando.
Passageiro (enquanto o revisor oblitera o seu bilhete): Pois é…o tempo passa-se.

E mais não disseram… Afastaram-se nervosamente, e num ápice, e estupefacto por tal troca de sílabas, registo a mesma no meu telemóvel, enquanto crio uma nota mental, com o intuito de uma dia dissecar sobre isto.
E portanto, um dia que estejam no elevador com o vizinho do 3º esq, não tenham qualquer receio de gritar em alto e bom som: Então e este tempo hein……?!
Servem para isso meus amigos, para as circunstâncias!

Rabbit