segunda-feira, dezembro 13, 2004

Metades

Na vida e no amor, a proporção divina mede-se por metades.
Uma alma, duas metades.
Um amor, duas almas, uma reunificação.
Quando ele subsiste, a cumplicidade entre ambas torna-se evidente.
Aceitam-se, e unem-se para formar uma metade num amor que abraça outro…
Uma alma, gémea de outra.

Na sua ausência, as metades separam-se.

A mais forte, a racional, protege a alma. Vive do que tem.
Não se ilude, e resguarda-se das feridas do passado.
Inveja a audácia da outra metade, mas não pode, dói lhe muito.

A outra, a emocional, procura a felicidade,
Volta-se para fora e tenta sobreviver na busca incessante da sua metade.
Não a metade da alma, mas a metade do amor.

A inquietude de uma, revolta a outra.
As duas tentam negociar um compromisso. Difícil, quase sempre.
A batalha trava-se, uma leva sempre a melhor sobre a outra. Seja que metade for.
Marcam o passo, definem o estado de espírito.
São assim as metades…

Rabbit

sábado, dezembro 11, 2004

Madredeus

Haja o que houver
eu estou aqui
haja o que houver
espero por ti
Volta no vento
Ó meu amor
Volta depressa
por favor
Há quanto tempo já esqueci
Porque fiquei
longe de ti
Cada momento
é pior
Volta no vento
por favor

Eu sei, eu sei
Quem és para mim
Haja o que houver
volta para mim

Anteontem, convidado por um amigo meu(Obrigado Canina), fui assistir gratuitamente ao concerto dos Madredeus. Conhecia pouco, o normal para o comum dos mortais. Que a Teresa Salgueiro tem uma voz espantosa, todos sabemos. Que a fama deles atravessa fronteiras, também não é novidade. Digo vos aqui e agora, que é uma experiência de vida única.
Pode até haver um certo exagero nestas palavras, mas estamos perante a maior exportação da música portuguesa desde de Amália Rodrigues.
São sem dúvida um icon do nosso tempo.
Um grupo rico na sua essência, na forma como revolucionou pacificamente a música portuguesa, apostando sem medos e receios num produto nacional, num formato singular, português…só nosso.
São uma prova viva que quando o produto é bom, quando tiver por base algo genuinamente português, único, somos capazes de competir nos mercados mais ferozes e competitivos.
Quanto ao ponto alto do concerto, diria que foi sem dúvida o Haja o que Houver cantarolado timidamente por alguns milhares, enquanto a Teresa Salgueiro encorajava a participação de toda a plateia.
Foi um momento marcante, a sua consagração aos meus olhos, a vénia mais que devida. Foi bonito ver que pelo menos existem uns tantos Tugas com os Madredeus na voz.
Já que não podemos assistir aos golos do Eusébio, à voz da Amália, às peripécias do Vasco Santana ou mesmo ao brilhantismo da Rosa Mota.
Vamos ler Saramago, ouvir Madredeus, Mariza, deliciarmo-nos com as fintas do Cristiano Ronaldo, ver exposições da Paula Rêgo. Enfim…vamos viver, e regozijar a nossa cultura. Parte de nós, projectar o que de melhor temos, para que todo o mundo tenha o mesmo privilégio.

Rabbit

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Il Fenómeno

A partir de hoje, pretendo convidar pontualmente algumas pessoas para enriquecerem o meu blog com algumas palavras suas.
Hoje, o rol de convidados especiais inicia-se com a pessoa que de certa forma de inspirou para o mundo da blogosfera. Uma pessoa que pelo seu sentido de humor apurado, e eloquência consegue dissecar os mais variados tema de uma forma singular, ao alcance de muito poucos. Aqui no TakeArabbitHome apresento-vos um pouco do Luís Viveiros, a.k.a Il Fenómeno.

Porque é que estas imagens me perseguem dia após dia, após dia, após dia?... «O passado já passou» repito para mim mesmo lembrando-me do que me dizem…
Mas não! não passou! Está mesmo aqui e persegue-me e tu não entendes! Porquê? Ajuda-me caramba! É assim tão difícil agarrares-me a mão? É assim tão impossível amares-me?
Devia ter-te feito isto, devia ter feito aquilo... devia, devia, devia... e se, se, se... porra! Puta de vida! Estou farto dos devia e se's na puta da minha vida, porra! Estou farto de não perceber o porquê das coisas não aconteceram como eu quero.
Resta-me agarrar-me a um provérbio chinês que li algures, num qualquer livro intelectualóide quase que aposto: "Não podes evitar que os pássaros da tristeza voem sobre a tua cabeça, mas podes evitar que eles façam ninhos nos teus cabelos".
É isso que me resta? Evitar que se façam ninhos nos meus cabelos?

Sinto a necessidade ainda, de acrescentar uns pensamentos extraídos directamente do seu blog, esperando que não se importe com tamanha audácia:

O Sofrimento
Plínio escreveu que as duas coisas mais difíceis de suportar na existência humana eram o falhanço e a idade.No entanto, ambos estavam intimamente ligados. Os falhanços decorrem da limitação própria do tempo. Quando não estamos limitados o carvão acaba por se transformar em diamante, a areia em pérolas, os gorilas em homens.
O problema é que durante a nossa existência, os gorilas não têm tempo para deixarem de ser gorilas e o carvão de se transformar em diamantes. Falhamos porque somos fugazes.Existe no entanto os falhanços de amor, os que mais doem. Porque no amor falhamos por falhar não pela limitação do tempo. Quando a pessoa que amamos não nos quer, nem que vivêssemos todo o tempo deixávamos de falhar. Nunca deixaremos de ser gorilas, carvão ou areia.
E isso é que destrói: a impossibilidade de alguma vez sermos diamantes e pérolas por mais tempo que tivéssemos.

Il Fenómeno

terça-feira, dezembro 07, 2004

Dorminhoco Anónimo

Um dia como qualquer outro, mais do mesmo… arrasto o carro pela auto-estrada fora. O meu Honda Jazz preto, apelidado carinhosamente de “Black Beauty”, percorre o caminho em piloto automático, fundindo-se na A5, tornando-se num só.
Hoje, o piloto automático decide entrar em greve, está no seu direito, mas esquece-se de me avisar.
Confiando na tecnologia e na relação próxima construída ao longo deste ano, deixo repousar os olhos, enquanto a acção de pestanejar fica momentaneamente esquecida.
O sol penetra o vidro, massajando-me a face, acariciando-me enquanto o programa da manhã me embala meigamente.
Sinto que estou parado…esqueço me de tudo, o tempo parou, meu carro é que não.
Deve ter descaído uns bons 40 metros, acordando abruptamente com um estrondo de borrar as calcinhas.
O airbag explode, esmurrando me no focinho, rachando me a lente direita enquanto a seguinte frase me inunda a mente: “Urso!!…já fizeste merda!”. ( esta parte é da taaaaaanga, era para ver estavam atentos)Tenho esta mania de ter os acidentes mais estúpidos do mundo, ao menos que fosse com estilo. Não faço nada com estilo…Mete Nojo!!
Acho que tenho um problema e preciso de ultrapassar a fase da negação!
Eu sou um Dorminhoco Anónimo! Pronto já está! Chama-se a isto Apneia do Sono. (tinha que arranjar algum nome técnico para esta merda)
Mas no fundo não estou só: existem os cleptomaníacos (vulgo ladrão com um médico parente) e ainda os que são portadores da Síndroma de Gilles de La Tourette, que praguejam com uma ferocidade espantosa, como se não houvesse amanhã. (todo o pessoal do Porto)
O balanço desta aventura, resume-se a:
- Choque traseiro apenas com danos materiais (felizmente).
- Contribuí para o caos do trânsito matinal.
- Acagassei me todo
- Cheguei tarde ao trabalho (nem tudo é mau)
- Fui a pessoa mais vista na A5 nesta manhã, ainda deu para dar nas vistas. Ainda bem que hoje usei a minha gravata preferida.
- Fiz amigos
- Menos prendinhas para as namoradas neste Natal. Mesmo com um seguro contra todos ( isto é; todos os anormais como eu. Devo precisar de protecção de mim mesmo. Deveria ser colocado naqueles quartos todos almofadados para os maluquinhos), preciso de pagar a franquia!
- Falei com a minha seguradora. Já falaste com a tua?

Espero que este assunto jamais seja abordado neste espaço! Era sinal de que já estava internado!

Beijos e Abraços

Rabbit

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Lições de Vida

Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar a alma. E aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aprender que beijos não são contratos, e presentes não são promessas…
E não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-te de vez em quando e precisas perdoá-la por isso.
Aprendes que falar pode aliviar as dores emocionais.
Descobres que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destrui-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás pelo resto da vida.
Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E que o importante não é o que tu tens na vida, mas quem tens na vida (…)
Descobres que as pessoas com quem mais te importas, são tiradas de ti muito depressa; por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vemos (…)
Aprendes que paciência requer muita prática (…)
Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de seres cruel.
Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém. Algumas vezes, tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo.
Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás em algum momento, condenado.
Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que o concertes.
E, finalmente, aprendes que o tempo, não é algo que possa voltar para trás.
Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares que alguém te traga flores.
E percebes que realmente podes suportar….que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
E que realmente a vida tem valor, e que tu tens valor diante da vida (…)E só nos faz perder o bem que poderíamos conquistar, o medo de tentar. William Shakespear